quarta-feira, 3 de setembro de 2008

AIKIDÔ

O que é o Aikidô – É uma arte marcial moderna baseada em antigas técnicas de combate. Devidamente compreendida é uma disciplina que utiliza o treino marcial como meio para desenvolver o carácter.

A origem do Aikidô – O fundador do Aikido foi Ueshiba Morihei ( 1883 - 1969 ). Ueshiba Morihei era normalmente tratado como O-Sensei. Estudou várias artes marciais tais como o jujitsu, iaidô (sabre japonês) e naginata (lança). No início do século XX, não tinha sido há muito em que o sabre e a lança eram as principais armas de guerra dos Japoneses, pelo que a prática destas artes envolvia a acumulação de força e eficiência de combate. Quando O-Sensei completou 30 anos de treino e estudo destas disciplinas começou a emergir a arte que se pratica nos dias de hoje conhecida como Aikidô. O-Sensei tinha desenvolvido uma nova arte marcial.


O propósito do Aikidô – O objectivo de prática do Aikidô é diferente das outras artes marciais. Antigamente praticavam-se artes marciais para ganhar combates e coragem. Mas nem todos podem ser bons combatentes, algumas pessoas são pequenas, outras mais fracas ou sem apetência para o combate. No mundo moderno, o uso de armas de fogo, fez com que muitas técnicas se tornassem inúteis e obsoletas. À medida que a experiência de O-Sensei crescia, chegou à conclusão de que a acumulação de força para combater é fútil. O Aikidô foi criado como uma via marcial para se desenvolver um corpo forte e uma mente calma, livre de pensamentos conflituosos, e cuja reacção natural seja a defesa e não o ataque, a protecção e não a destruição.

A prática – Embora se fale de refinamento pessoal e melhoramento do carácter, não significa que o Aikidô seja um exercício puramente mental e esotérico. O Aikidô é um processo físico com um resultado espiritual. A prática do Aikidô, feita correctamente, é extenuante sem ser violenta; exigente sem ser dura; não depende da força física. Com isto queremos dizer que a conclusão da acção é suave, fluida e sem o sentido de conflito entre os parceiros. Todos temos ritmos e capacidades diferentes, não nos podemos esquecer disto durante a prática. A filosofia do Aikidô, é que todas as pessoas, homens, mulheres, idosos e novos possam participar e desenvolverem-se. Não interessa o nível de força com que se iniciam, mas diariamente tentar avançar sempre um pouco mais. Se o nosso parceiro não nos consegue acompanhar, abrandamos. Mas também se não conseguimos acompanhar o nosso parceiro devemos tentar e esforçar-nos um pouco mais. Não é bom praticarmos sempre dentro dos nossos limites, devemos ir sempre um pouco mais além.

O Aikido já não é uma arte de combate, o objectivo do treino e da prática é aprender a sobreviver. É por isso que no Aikido não há COMPETIÇÕES, CAMPEONATOS ou TROFÉUS. No campo de batalha o troféu é a própria cabeça, a própria vida. Há quem diga que estudar oportunidades para bater afasta-nos da via do Aikido. De uma maneira geral as pessoas que praticam artes marciais estão sempre a competir umas com as outras. O papel do Aikido é unificar...



Auto-defesa – As pessoas muitas vezes perguntam: “Então e se alguém me atacar desta forma ou daquela?” Presumivelmente querem saber se o Aikidô é ou não bom como auto-defesa. Não há uma resposta única ou simples a esta pergunta. Não há dúvida nenhuma de que o Aikidô tem movimentos e princípios que são eficazes como auto-defesa, mas não há formulas mágicas. Só alguns meses de treino e prática não são suficientes para permitir subjugar sem esforço um atacante. Há que ter em conta que defendermo-nos bem não é o mesmo que ser um bom lutador. Um ‘curso básico’ de Aikidô não nos vai ensinar a fazer coisas aos outros; mas ensina-nos a evitar coisas que nos façam a nós. Perante uma situação de combate ou conflito, o Aikidô privilegia a percepção em vez da robotização. Esta abordagem favorece o sentido da proporcionalidade. Quer os nossos parceiros sejam fracos ou fortes eles estão vivos e vão responder ao nosso movimento tanto emocionalmente como fisicamente. Há que aprender a utilizar a energia resistente do parceiro. Utilizar a mudança / adaptação espontânea.


Muitas pessoas que são atacadas ficam em situações em que é inútil qualquer tipo de auto-defesa, quando, por exemplo, o atacante tem uma arma de fogo. Mas nas situações em que é possível auto-defesa o ataque segue normalmente o mesmo padrão: um empurrão, puxão ou pega repentinos sem estarmos à espera. Muitos professores de auto-defesa recomendam coisas como enfiar os dedos nos olhos do atacante, dar um pontapé nas virilhas ou pisar com força os pés do atacante. Este tipo de acções pode resultar. O problema está em que na maioria dos casos o atacante já nos levou ao chão, aplicou um estrangulamento, etc. deixando-nos incapacitados para reagir. O Aikidô dá a maior importância em manter o equilíbrio, desde o momento do contacto, para que tenhamos hipótese de nos defender. A nossa reacção natural a uma situação de stress deste tipo é ficarmos tensos, desequilibrados, incapazes de nos mexermos ou mesmo incapazes de pensar. Um dos objectivos na prática do Aikidô é o relaxamento do corpo, acalmar a mente, em substituição da reacção natural de ficarmos tensos. O Aikidô ensina que quando atacados não devemos ripostar mas primeiro que tudo devemos manter o nosso equilíbrio.


Graças a esta filosofia, as pessoas que praticam o Aikidô são ajudadas no seu dia a dia. Há muitos tipos de stress, e nem todos os ataques são físicos. Por exemplo, quando somos criticados por alguém, a nossa primeira reacção é contra-criticar, ou então o inverso, deixarmo-nos abater e desistir. A via do Aikidô para lidar com este tipo de situações é manter o equilíbrio. Avaliar com clareza a situação. Não discutir, e se sentirmos com sinceridade que temos razão, devemos lutar pelo nosso ponto de vista. No entanto, não devemos esquecer de manter a mente aberta, para no caso de estarmos errados termos clareza suficiente para o vermos. Isto parece tão simples e tão óbvio. Quantas vezes não deixamos passar e ignoramos um plano ou um ponto de vista que estava correcto só porque a maioria ou alguém com mais poder pensou o contrário? Quantas vezes não caminhamos para um desastre por causa da nossa teimosia ou porque somos demasiadamente orgulhosos para ver as nossas falhas? Ás vezes as coisas mais simples são as mais difíceis de por em prática.



O que torna o Aikido único como arte marcial é que ensina-nos a adaptar à resistência de uma maneira harmoniosa.

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